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Escritora Camila Mossi fala da relação com os livros ao Blog do Sebo Capricho
Carol Avansini
11 de Agosto de 2023

 

O Blog do Sebo Capricho recebe uma convidada muito especial: a escritora Camila Mossi, de Londrina, que fala sobre sua trajetória como leitora e escritora desde a infância no interior de São Paulo até a publicação de três livros (e contando…..):Agora sapiens,  O silêncio é sempre externo e Anticonstitucionalissimamente.


Fã confessa das crônicas, ela tem em Lygia Fagundes Telles e Marina Colassanti duas grandes inspirações, além, é claro, do mestre Luís Fernando Veríssimo, com quem está na foto escolhida para ilustrar este artigo. O encontro aconteceu em 2021, na ocasião do lançamento da antologia Outros Presentes.


 

Qual sua história com a leitura? Como iniciou seu interesse pelos livros?


Eu cresci em plenos anos 90, em uma cidade do interior de São Paulo bem pequena, que não tinha livrarias. O contato que tinha com livros eram alguns livros de receita e manuais didáticos dos meus pais, as bibliotecas escolares – quando a escola tinha – e a banca de revistas que, de vez em quando, vendia uns títulos clássicos e uns da moda. Mesmo diante do pouco contato com livros variados – porque eu lia com afinco mesmo os didáticos – eu já tinha o ímpeto de ser escritora: desde a terceira série eu desenhava quadrinhos adaptando os filmes infantis que via e fazia livrinhos. Também fazia livros de brinquedo como os que eu gostava de ler. Fiquei ainda mais empolgada quando meu pai me deu a máquina de escrever que ele usou durante a faculdade, as teclas duras como a morte de uma Remington anos 1960 verde metálica, datilografaram meu sonho de ser escritora.


E como começou a escrever?


Foi nas aulas de redação da escola que eu descobri que era boa, gostava de argumentar e gostava de receber o feedback da professora Eliete. No final do ensino médio, a faculdade de Letras parecia uma escolha natural para alguém que quer ser escritora. Ledo engano. Embora eu tenha aumentado toda a minha bagagem acadêmica sobre pesquisa e ensino de português e literatura, a dura realidade é que não havia nada relacionado à escrita criativa no curso. Aliás, até hoje, poucas universidades contemplam a formação de escritores no Brasil. Infelizmente, as iniciativas ainda são tímidas e concentradas nas metrópoles. O que a faculdade de Letras (e a especialização, e o mestrado, e o doutorado) me rendeu foi um bom nicho de leitores-beta. Por volta de 2008 eu comecei a escrever crônicas e em 2010 comecei a publicar e a participar de concursos literários. Ao contrário das expectativas que me impuseram durante o percurso, eu, mulher lésbica, não produzo exatamente uma literatura LGBT, mas como eu, em essência LGBT. Sigo buscando a universalidade no quintal de casa e, além de lésbica, sou mulher, brasileira, geração Y, classe média, acadêmica, fragmentada como a minha geração. Essa produção compõe o livro Agora sapiens, publicado pela Penalux em 2018. A lacuna entre 2010 e 2018, aliás, é evidência da síndrome da impostora que assombra toda escritora mulher.

Fale mais sobre o Agora sapiens…

O Agora sapiens me colocou no radar local de literatura, então vieram os eventos, palestras, oficinas. E o convívio com os pares evidenciou a necessidade de profissionalização que ronda os escritores contemporâneos. Com esse ímpeto, fui em busca de cursos e grupos de escrita criativa que mudaram bastante meus hábitos de escrita. Em 2020, publiquei pelo edital Cultura nas redes O silêncio é sempre externo . Também ganhei o primeiro lugar na categoria contos e crônicas do “Outras Palavras” - prêmio de obras literárias - com o livro Anticonstitucionalissimamente, publicado em 2021, em parceria com Guilherme E. Silveira na Anticonsbox: caixa de ofensa a fascistas, composta pelo livro de crônicas, uma HQ e um álbum musical, publicada pelo Selo Risco Impresso. Essa obra é influenciada, como sempre, pelo estilo humorístico e o trabalho linguístico do Verissimo – eu, de acordo com o escritor Rubem Penz, Verissimo de saia, título do qual me orgulho embora quase nunca use saia.

E quais seus projetos atuais?


Também pelo selo editorial londrinense Risco Impresso, tenho um projeto de minicontos no prelo, em parceria com a artista visual Bárbara Paul. Os textos, 100% sobre mulheres, são inspirados nas precursoras Lygia Fagundes Telles e Marina Colasanti.
Terminei meu doutorado em ensino de literatura ano passado e pretendo me embrenhar na publicação acadêmica, também. Isso sem contar na tradução do Agora sapiens para o inglês, desenvolvida em um projeto de tradução da UEM, que em breve será lançado para download gratuito. São vários projetos, né? Parafraseando o mestre, publicar é muito perigoso.

 

E como é tradição aqui no Blog do Sebo Capricho quais são os livros que todo mundo deveria ler?


Bem, diante da iminente morte da crônica constatada por Júlian Fuks em sua coluna essa semana, sinto um compromisso em indicar livros de crônica – gênero que é, de fato, meu favorito.

As comédias da vida privada – Luis Fernando Verissimo
Eu recomendo toda a obra do Verissimo porque ele é perfeito. Sem exageros, do primeiro ao mais recente livro: O popular é impecável e Verissimo antológico é uma obra de arte. É o pai da crônica contemporânea (e se quiser e a dona Lúcia deixar, pode ser meu pai também). Mas As comédias da vida privada foi o olhar 43 que fez eu me apaixonar à primeira vista. São crônicas leves e densas, divertidas e melancólicas, tudo ao mesmo tempo. Satiriza o melhor e o pior da classe média brasileira. Verissimo têm o dom de fazer a gente rir da nossa própria tragédia.


Coleção Melhores crônicas – Marina Colasanti
Se o Verissimo é o pai, Colasanti é a mãe da crônica contemporânea, em crônica, conto ou miniconto, Colasanti é genial: ousada, provocante, melancólica, engraçada, tudo com sutileza e suavidade, sem deixar de ser absurdamente profunda. (Oi, Marina, me nota, vem prefaciar meu livro de minicontos, te amo!).


200 crônicas – Rubem Braga
Rubem Braga é sempre um carinho na alma, suas crônicas são doces, profundas, reflexivas, o melhor exemplo possível de crônica do cotidiano, em 200 crônicas você vê o mundo sob o olhar de Braga, para mim, uma mistura de Fernando Pessoa e Manoel de Barros só que em prosa, em crônica, o gênero que supostamente exalta as banalidades, mas com uma destreza de mestre.


Mulheres sob descontrole – Samantha Abreu
Mulheres sob descontrole é de autoria da nossa conterrânea, Samantha Abreu. É um livro que sempre falo para ela que eu gostaria de ter escrito. Fico no limbo entre a admiração boquiaberta e a inveja. São cronicontos sobre mulheres com um humor mordaz, mas com todo o trabalho linguístico da autora que é poeta em essência. O livro é premiado com razão.

Outros presentes – Rubem Penz (org)
Como é feio fazer autopropaganda (embora eu ache mesmo que todo mundo deveria ler Anticonstitucionalissimamente ao menos para aprender a pronunciar o título), indico uma antologia de crônicas de dez cronistas contemporâneos (dentre os quais faço parte), de 35 a 80 anos, para trazer um fio de esperança perante o pessimismo de Fuks: não deixe a crônica morrer, não deixa a crônica acabar. O livro é prefaciado pela grande dama da crônica brasileira, Martha Medeiros, que achou que a gente fez bonito sob a organização (e mentoria) do grande Rubem Penz. Se ela acha, tenho certeza de que vocês vão achar também.
Quer conhecer mais sobre  Camila Mossi? Siga a escritora nas redes sociais!


http://camilamossi.com
@camila.mossi @anticonsbox
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camilamossi@yahoo.com.br


 

Camila Rossi.jpg
Créditos: Arquivo pessoal
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