Uma afirmação do youtuber Felipe Neto sobre livros causou recente polêmica nas redes sociais. Em um post no Twitter, o influencer afirmou que “forçar adolescentes a lerem romantismo e realismo brasileiro é um desserviço das escolas para a literatura”. Para Felipe Neto, autores clássicos da literatura da língua portuguesa não são para adolescentes e, por isso, a leitura não deve ser forçada nas salas de aula, pois há o risco de acharem chato. A jornalista e escritora Heloísa Aguieiras discorda de Felipe Neto. Grande admiradora da literatura portuguesa, ela conta que o seu primeiro contato com autores clássicos, como Machado de Assis e José de Alencar, aconteceu na escola. E, desde então, nunca deixou de admirá-los. Por isso, Heloísa defende que eles continuem presentes na sala de aula e ainda dá uma dica aos professores: que tal adotar novas estratégias para discutir literatura? Ao invés de provas e trabalhos, por que não debater os livros em sessões críticas e rodas de conversa? Para gostar de ler A paixão da jornalista pelos livros começou na infância, por meio da tradicional série Para Gostar de Ler. A coleção reúne crônicas curtas e divertidas de vários autores brasileiros, como os aclamados Rubem Braga e Fernando Sabino. Outra influência, segundo Heloísa, foi o irmão 11 anos mais velho que lia muito e a incentivava a mergulhar nos livros. A escola, com certeza, também incentivou o hábito por meio das leituras obrigatórias que Felipe Neto acredita serem desnecessárias. Ela lembra com nostalgia dos fichamentos que fazia após finalizar a leitura dos livros indicados pelo professor, com informações sobre capa, editora, autor, um pequeno resumo da história e a crítica sobre o livro ao final. Se para muitos essa tarefa parece enfadonha, não era para Heloísa. Ao contrário, gostava muito desse trabalho e foi assim que leu e “fichou” Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos e outros autores clássicos. Mesmo jovem, jamais se considerou despreparada para leituras densas e reflexivas. “Li ‘Angústia’, de Graciliano Ramos, e gostei muito. Penso que esses grandes livros inclusive merecem uma releitura na fase adulta”, opina.
O impacto da leitura Nossa entrevistada conta que a leitura impacta a vida de forma profunda. Ela, inclusive, associa livros a pessoas que a presentearam ou foram presenteadas com diferentes obras. Uma lembrança importante é uma amiga - com quem não tem mais contato - que a presenteou com “Cartas ao jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke, o que causou grande impacto. O escritor preferido de Heloísa é Fernando Pessoa, que lhe foi apresentado pelo irmão e cuja leitura foi incentivada pela mesma amiga. Como toda leitora voraz, a jornalista tem hábitos bem pessoais na hora de ler. Um deles é anotar nos livros, por isso, ela prefere não emprestar seus exemplares. “Não sou apegada, mas prefiro que outras pessoas não leiam minhas anotações”, explica. Pedimos a Heloísa para listar cinco livros clássicos de sua coleção que os leitores do Blog do Sebo Capricho não podem deixar de ler. Confira: Dom Casmurro - Machado de Assis “É o clássico dos clássicos, imperdível e obrigatório.” Livro do Desassossego - Fernando Pessoa “Meu livro preferido da vida.” Vidas Secas - Graciliano Ramos “É um retrato do Brasil que ainda hoje permanece atual.” A Hora da Estrela - Clarice Lispector “Um livro que denuncia os milhões de preconceitos que uma mulher sofre.” A paixão Segundo G.H. - Clarice Lispector “Uma viagem maravilhosa da mente de uma mulher incrível que é a nossa grande escritora brasileira.” Aqui no Blog do Sebo Capricho, já contamos várias histórias de adolescentes e jovens que se apaixonaram por literatura na escola.Confira as dicas de Malu Ezarani! Dicas para gostar de ler os clássicos