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Centenário da Semana de Arte Moderna relembra influência do modernismo na literatura
Toda Rede
28 de Janeiro de 2022

 

Há exatos cem anos, acontecia no Brasil um evento que mudaria para sempre os rumos da nossa arte e literatura. De 13 a 18 de fevereiro de 1922, o Teatro Municipal de São Paulo foi palco da Semana de Arte Moderna, que reuniu os mais importantes pintores, arquitetos, músicos, escritores e poetas brasileiros da época. Para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, o Sebo Capricho convida os nossos leitores a relembrar fatos importantes dessa história tão importante para a nossa literatura.

 

Os participantes da Semana se reuniram para debater as ideias do Modernismo, um movimento artístico do início do século XX que buscava romper com o tradicionalismo por meio da liberdade estética, da experimentação constante e, principalmente, pela independência cultural do país. 

 

Entre os organizadores da Semana, estavam os escritores Mário e Oswald de Andrade. Ao lado de Manuel Bandeira, eles formaram a célebre tríade modernista que influenciou escritores e poetas de outras gerações. 

Os reflexos da Semana foram sentidos em todo o decorrer dos anos 1920, romperam a década de 1930, influenciaram toda a literatura produzida no Brasil durante o século XX e alcançaram a literatura contemporânea. De certa forma, tudo que é feito no país hoje, seja na literatura, seja nas artes plásticas, está indelevelmente relacionado com o Modernismo.

 

A Semana de Arte Moderna se tornou  o marco do modernismo no Brasil. Foi naquele momento que os artistas romperam com a cultura europeia e dedicaram-se a valorizar a brasilidade nas artes plásticas, na música e na literatura,  em uma busca pela identidade nacional.

 

Anita Malfatti, Mário de Andrade, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, Cândido Portinari, Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, por exemplo, foram alguns dos principais nomes da primeira fase do modernismo brasileiro. Muito cultos, eles se destacaram justamente por batalhar pela popularização da arte no País. 

Oito livros modernistas para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna

Na literatura, a Semana de Arte Moderna influenciou toda a produção do século XX. Separamos oito livros representativos para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna do Brasil. 

 

  1. Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande - Oswald de Andrade

  2. Paulicéia Desvairada - Mário de Andrade

  3. Libertinagem e Estrela da Manhã - Manuel Bandeira

  4. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

  5. Vidas Secas - Graciliano Ramos 

  6. Capitães de Areia - Jorge Amado

  7. O Quinze - Rachel de Queiroz 

  8. Menino de Engenho - José Lins do Rêgo

Editora lança 'Obra Incompleta' de Oswald de Andrade

Para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, a Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) lança o livro "Obra Incompleta", organizado por Jorge Schwartz em dois volumes que trazem as várias faces do trabalho e vida de Oswald de Andrade, com obras conhecidas, manuscritos inéditos e discursos críticos feitos por autores como Gênese Andrade, Maria Augusta Fonseca e Haroldo de Campos, entre outros. Diferentemente de antologias, Schwartz apresenta também as nuances do trabalho do modernista.

 

Mesmo a escolha do título é uma referência à incompletude que Oswald via no próprio trabalho. Schwartz conta que, ao terminar a segunda redação de "Serafim Ponte Grande", o escritor fez uma anotação de que aquela era a versão "provisoriamente definitiva". Da mesma maneira, uma extensa busca por manuscritos entre especialistas, herdeiros, familiares, colecionadores e instituições culturais mostrou versões diferentes de um mesmo poema. Mais interessante, porém, é a lembrança constante em outros textos que o escritor fazia do desaparecimento do primeiro poema dele, "O último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde".

 

"Essas repetidas menções a um poema fundacional porém ausente, recuperado em forma de poesia, de ensaio, de depoimento e finalmente registrado no discurso memorialístico, acabam por configurar uma espécie de metáfora da incompletude, e das variantes que se produzem entre uma e outra forma de narrar ou de recriar a mesma experiência", escreve Schwartz, na introdução. 

 

Jorge Schwartz é professor titular em Literatura Hispano-Americana da Universidade de São Paulo, com doutorado e livre docência em Teoria Literária e Literatura Comparada, também pela USP. Tem experiência em Literaturas Estrangeiras Modernas, principalmente em temas como Oswald de Andrade, Vanguardas, Modernismo, Oliverio Girondo e Jorge Luis Borges. 


 

Centenário da Semana de Arte Moderna.jpg
Créditos: Reprodução
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