A Campanha da Fraternidade de 2023 é sobre um tema muito importante: a fome no Brasil. Muito embora a campanha seja uma iniciativa da igreja católica, lembrar desse problema social que afeta milhões de pessoas é fundamental para todos os brasileiros, por isso, nosso artigo desta semana será sobre o assunto. Afinal, não são poucos os livros que denunciam a fome em diferentes épocas da nossa história. Ao final do texto, vamos listar 5 que tratam da questão da fome no Brasil. 

A quarta-feira de Cinzas é a data oficial de lançamento, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Campanha da Fraternidade. A iniciativa acontece todos os anos, sempre focada em provocar reflexões sobre questões que afetam a sociedade. A escolha do tema, em 2023, foi também em função de o Brasil ter reingressado no Mapa da Fome da ONU.

Em notícia no próprio site da CNBB, a entidade explica que a Campanha da Fraternidade de 2023 se refere à fome não apenas como fenômeno biológico das necessidades humanas, mas com um flagelo social e humanitário. Melhor explicando, são aquelas situações em que o modo com que uma sociedade está organizada acaba por deixar pessoas em estado de insegurança e indigência alimentar.

A CNBB ainda reforça que, mais do que apenas constatar, compreender e denunciar a triste e vergonhosa atual situação de fome no Brasil, a campanha convida a agir, a fazer o que for possível para que essa triste situação seja extinta.  Entre as ações recomendadas, estão desde evitar o desperdício de comida até a cobrança por políticas públicas de Estado de combate à fome.

 Claro que a gente buscou nas prateleiras do Sebo Capricho alguns livros importantes que retratam a fome no Brasil. Confira:

Vidas Secas - Graciliano Ramos 

Este livro é um retrato do Brasil que ainda hoje permanece atual. A obra conta sobre a vida difícil de uma família de retirantes em busca de sobrevivência no sertão nordestino. Mostra ainda a crueldade da vida no sertão e as dificuldades que os personagens enfrentam para manter sua humanidade em meio à pobreza e à opressão. Ao mesmo tempo, o livro apresenta a esperança e a resiliência que permitem que a família continue lutando apesar das adversidades.

Menino de Engenho - José Lins do Rego

Este clássico da literatura brasileira conta a história de um menino que cresceu em um engenho de açúcar no nordeste brasileiro. Através da perspectiva do menino, o livro descreve a vida dura dos trabalhadores rurais e os desafios enfrentados pela família do protagonista, como a violência e a opressão dos senhores de engenho. O livro também explora as relações de poder e as tensões entre os diferentes grupos sociais na região. Com uma linguagem poética e uma narrativa emotiva, "Menino de Engenho" é um retrato tocante da vida no nordeste brasileiro no início do século XX.

A Bagaceira - José Américo de Almeida 

Soledade, menina sertaneja, uma retirante da seca, chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação e outros que fugiam do castigo da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando e o romance ganha ares dramáticos no momento em que Dagoberto, o dono da fazenda, violenta Soledade e faz dela sua amante. Uma das frases mais célebres do livro é sobre a fome que assola a população regional: 

“Há uma miséria maior do que morrer de fome num deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã. 

Torto Arado - Itamar Vieira Junior

Torto Arado narra a trajetória das irmãs Bibiana e Belonísia, que após mexer em uma misteriosa mala da avó, envolvem-se em um acidente que as tornará dependentes uma da outra e transformará suas vidas. A trama protagonizada por mulheres desvenda as desigualdades do Brasil e joga luz sobre personagens anônimas através do tempo.

‌Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus

Quarto de Despejo é um relato autobiográfico impressionante de suas experiências de vida como uma mulher pobre e mãe solteira no Brasil. O livro fornece uma visão única e dolorosa da vida de Carolina, incluindo as lutas diárias que ela enfrentou para sobreviver. Ela destaca as desigualdades sociais, a desigualdade de gênero e a falta de direitos humanos que afetam milhares de brasileiros. Seu relato emocionante nos lembra que todos merecem respeito e direitos, independentemente de seu nível de renda ou estatuto social.